Cake

Quem passa por um momento particularmente difícil na vida sugiro um filme que dá uma perspectiva factível de superação, respeitando as fraquezas, o limite do ser humano, sem apelar ao desfecho sorridente improvável, contrariando todos os prognósticos e colocando nas costas da surrada solução do milagre merecedor do justo.
O longa narra a história de Claire Simmons (Jennifer Aniston, a imortal Rachel de Friends) mulher madura e bem sucedida que sofre um acidente terrível que ocasiona a morte do filho e sequelas profundas no corpo.

Traumatizada, entra em depressão profunda, isolando-se, afastando-se do trabalho, do marido, dos amigos, e passa a encarar a vida com um amargor escandalizante. Torna-se dependente e viciada de medicamentos fortíssimos, chegando a se aventurar no México pra contrabandear medicação ilegal.

Participando de um grupo de apoio, conhece a história da jovem Nina (Anna Kendrick) que suicidou-se anos antes. Obcecada pela história da jovem, passa a investigar sua vida enquanto lida com as próprias dores.


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Como expresso no início, destaco o retrato verossímil das dificuldades dessas pessoas superarem seus traumas, com muitas vacilações, receios e tentativas frustradas, mas pontuando que, por mais doloroso que seja, o fracasso não significa o fim, a incapacidade crônica de vencer o fardo, apenas revela que nos falta algo, preparo, que é necessário mais tempo, um aprendizado.

Também jogo luz, um dever, aliás, em Aniston, que primeiro surpreende por pegar um papel distinto em sua carreira, sai de cena as mocinhas meigas e recatadas para dar lugar a uma personagem pesada, sofrida, cinzenta; segundo pela performance excelente. Em poucos minutos, se esquece que um dia ela foi a namorada de Ross Geller, vemos apenas uma persona plausível, inteligente, ferina, melancólica em definhamento notório. Espero que o filme abra portas para que ela possa ter outras oportunidades no gênero. O cinema precisa. Vale mencionar, que a atriz é uma das produtoras, o que dá esperança que mesmo que não receba convites de projetos semelhantes possa fazer outros de própria autoria, além de evidenciar sua vontade de respirar novos ares.

Outro aspecto digno de nota, é o ligeiro holofote, mas relevante, que se coloca sobre o impacto do fenômeno moderno da onda migratória, a relação do americano médio com os latinos e a perspectivas destes ao chegar no "primeiro mundo". Mal comparando, lembra um pouco uma situação doméstica, arrefecida nos últimos anos, do nordestino brasileiro em direção ao sul.

O ponto baixo é a trilha sonora, totalmente esquecível.


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Uma jornada para o redescobrimento da vida, sem pieguices,sucinto, contemporâneo:

Cake.


Ano: 2014. Diretor: Daniel Barnz.


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